Esse é o diário de bordo da minha aventura na metrópole do mundo.


Directions



Siga as directions do post e veja como é fácil (os trens 2 e 3 são indicados em vermelho no mapa)
Já falei sobre o quão fácil é se sentir em casa em NYC devido ao maravilhoso projeto urbano e no post prometi escrever sobre outra maravilha da Big Apple: as directions. Promessa é dívida. Uma dívida que pago hoje.

Directions é a maneira que os nova-iorquinos acharam de facilitar ainda mais o que já é ridiculamente simples. Sabe quando você usa pontos referência? A pessoa nunca andou pela sua rua mas você diz que a sua casa é perto de um mercadinho com a parede azul? Aqui se usa as ruas e avenidas como referência. Nada de procurar mercadinhos ou paredes coloridas, o prédio que você quer está na 35th @ 4th Avenue, ou seja, na rua 34 próximo a esquina da 4ª avenida. E quando o endereço fica no meio da quadra, eles usam "between 3rd and 4th avenues". Quer mais fácil?

Pois eles conseguiram deixar mais fácil. Caso você não tenha um mapa do metrô (inaceitável), praticamente todos os endereços impressos indicam os trens que chegam lá. Quando você pede o endereço pra alguém pelo telefone, além de dizer quais os trens você tem que pegar, geralmente o cara pergunta onde você está e te dá o trajeto completo. "Você está na 16 com a 7ª? Caminhe duas quadras para o sul, pegue o trem 2 ou 3 uptown até a Times Square na 42, pegue o N, R ou W uptown até a 5ª avenida e caminhe uma quadra pro sul. O prédio fica na esquina da 5ª avenida com a 59." É impressionante, todo mundo tem as directions na cabeça. Sai mais rápido que o Google Maps.

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Já tô na fila para o dia que isso for possível
Como todos os maridos do planeta, sempre soube que um dia acabaria esquecendo do meu aniversário de casamento, mas não poderia ter sido este ano. Este ano eu estou longe demais pra esquecer. Hoje completam 8 anos que dissemos "sim, eu aceito".

Tenho uma memória realmente problemática com esse negócio de datas, vivo esquecendo do aniversário de todo mundo. Meu pai já foi diversas vezes agraciado com um silênciao solene, minha mãe idem e todas as minhas 5 irmãs já deixaram de receber a minha ligação de feliz aniversário em algum momento (importante) de suas vidas. Meus avós, tios, primos e amigos, se não me convidarem pra festa não envelhecem nunca. Difícil é fazer o esquecido entender que não é descaso e sim uma deficiência mnemônica. Tem gente que não consegue lembrar no número do seu CPF, eu não lembro de datas.

Apesar de ter esquecido da data, nunca me arrependi de ter tomado essa decisão. Minha esposa me deu uma filha linda, um casamento estável e os pés no chão. Ela é minha cara-metade. A metade que não esquece das datas, que não deixa de pagar as contas, que me traz de volta pro chão quando estou voando muito alto. É a companheira que sempre me dá suporte pra fazer as minhas loucuras, é quem está sempre disposta a apostar comigo, quem (apesar de reclamar) nunca diz "não", sempre diz, "quem sabe desse outro jeito?"

Desculpa por ter esquecido, Neny. Te amo demais. Espero que você me perdoe.

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Colaborative Stand-up Comedy




Um dos meus roommates está voltando para o Brasil hoje e para celebrar a última noite do rapaz na cidade fomos a um concurso de stand-up comedy. O nome do lugar: Pinetree Lodge (326 E 35th @ 1st Avenue). No anúncio, cada participante teria 5 minutos pra fazer a platéia rir e o melhor da noite levaria um prêmio em dinheiro. Era a propaganda enfeitando a realidade.

Chegamos a um bar minúsculo, com cabeças de alce penduradas nas paredes de toras, tal qual uma cabana de caça. Um sofá, algumas almofadas no chão, 3 mesinhas dessas com bancos altos e um palco de 1,5m2. Um dos caras que estava comigo virou e perguntou: é aqui mesmo? Segundo o anúncio, sim.

Pontualmente 9pm subiu ao palco um host afro-americano muito mais-ou-menos que tentou fazer algumas piadas. O lugar era tão pequeno que você acabava rindo pra colaborar com o cara, pra não deixar ele muito sem-graça, mas tinha vezes que não tinha como. E começaram as apresentações... Você já se imaginou de pé em um degrau (era assim que o palco parecia), tentando ser engraçado em um microfone com aquele eco de caverna? Dá dó, gente. Mas tinha tão pouca gente que se um risse, valia a piada. Eu tentava rir sempre.

Seis corajosos subiram no degrau, apenas 2 conseguiram algumas risadas verdadeiras.

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A conta da Coca-Cola



Para nós publicitários, Coca-Cola é isso aí...
Ter conta da Coca-Cola é o indicativo de sucesso absoluto para uma agência de propaganda. É o Santo Graal da comunicação, é o décimo dan para criativos faixa-preta, é o Nirvana publicitário. Ter a conta da Coca-Cola é uma coisa tão inalcançável aos mortais que virou sinônimo de impossível. Entre os publicitários, sempre que se fala em um absurdo de verba surge alguém dizendo "quem sabe quando tivermos a conta da Coca-Cola..." Em qualquer agência tem sempre um atendimento engraçadinho que toda semana fala que "o diretor de marketing da Coca ligou ontem e..." Deu pra pegar o que significa a conta da Coca-Cola no mundinho da propaganda?

Pois bem, estava eu fazendo minha "brochure" da Canon C2550 quando Martin Maglione (sócio da agência) entra na sala e diz: Sabe quem acabou de me ligar? O diretor de marketing da Coca-Cola! Não me contive e soltei a gargalhada. Achei que a piada fosse transcultural, mas o cara estava falando sério. O gerente de marketing da Coca-Cola DE VERDADE ligou pra agência esta tarde. O gerente de marketing do segmento promoção, é verdade, mas não deixa de ser gerente de marketing. E da Coca-Cola.

A reunião está marcada para dia 3 de Março, no escritório de Manhattan. Depois de passar vergonha com todos me olhando rir feito besta, tive que explicar o motivo das gargalhadas. Foi então que soube que "nós já tivemos a conta da Coca-Cola por 3 anos..." Será que alguém pode me beliscar, por favor?

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Cenários da vida real



Tom Hanks emociona sem falar inglês durante a primeira hora do filme.

Semana passada eu estava em casa olhando TV, assistindo O Terminal (Tom Hanks) e, no fim do filme, ao entrar no taxi, ele pede ao taxista que o leve para o Ramada Inn, 161 Lexington Avenue). Chegando no hotel, Hanks pergunta onde fica o "this club" (apontando para um folheto) e vai pegar o autógrafo da última lenda Jazz – Benny Golson – que faltava na latinha de seu pai. Assim que o filme acabou, peguei o trem e fui conferir: lá estavam o Ramada Inn e o Blue Smoke, o tal clube de Jazz. Infelizmente Golson não estava tocando naquele dia.

Na mesma semana compre um piratex do I am Legend (WIll Smith) e, depois de assistir, andei por todos os cenários do filme. A casa dele fica na Washington Square, a armadilha que ele cai é em frente a Grand Central, na caçada do início do filme ele passa pela Park Avenue South, Madison Avenue, Broadway e Times Square, todos os dias ele transmite do Pier 17 olhando pra Brooklyn Bridge e pra Manhattan Bridge destruídas.

Outro cenário de filme que estive foi a Fao Schwarz, a loja de brinquedos que tem o piano gigante que Tom Hanks tocou no filme Quero ser Grande, clássico dos anos 80. Difícil enumerar todas as cenas em que temos o Central Park como pano de fundo, mas a que me vem a cabeça toda vez que ando por lá nesse dias de inverno é o fim de Outono em Nova Iorque (Richard Gere, Winona Rider). O Zoo me lembra Hitch - Conselheiro Amoroso (Will Smith); o Upper West Side me lembra
Seinfeld e Mensagem pra Você (Meg Ryan, Tom Hanks); a Biblioteca Pública, O Dia Depois de Amanhã, e por aí vai...

Andar por esta cidade é como passear por um grande cenário de Hollywood. Cada canto de New York City já apareceu em filmes ou em seriados de TV e cada esquina me parece muito familiar. Tudo já estava na minha mente, mas não fazia sentido no mapa. Agora faz.

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Morar em NYC finalmente começou a valer a pena. De fato, o dia-a-dia nas ruas não é o que a cidade tem de melhor. Neste sábado fui a um concerto de em homenagem a um dos maiores pianistas que o Jazz já viu: Thelonious Monk. Caso ele não tivesse morrido no começo dos aos 80, estaria completando 90 anos esta semana. No palco estavam o filho da fera, T. S. Monk (bateirista de primeira), Ben Riley – baterista de Monk nos últimos anos – e seu septeto (Monk Legacy Septet), Ronnie Mathews, pianista mestre na obra de Monk, Carolyn Leonhardt (vocal) e sua banda (Wayne Escoffery Group) e três alunos do Instituto de Jazz Thelonious Monk. Ao todo, 15 músicos (1 vocal, 3 trumpetes, 1 sax alto, 1 sax tenor, 1 sax barítono, 1 sax soprano, 3 bateras, 1 guitarra, 2 baixos e um piano) se revezaram no palco durante 3 horas de show. Pra completar, o host (apresentador) do concerto era ninguém menos que Bill Cosby. Foram os 32 dólares mais bem gastos desta viagem. Dá vontade de parar de comer pra assistir shows deste tipo todas as noites.

Para ver uma palhinha do show clique aqui.

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Sidewalk Cinic



A irmã da Britney (Spears) vai ter um bebê e eu preciso de grana pra (comprar) um presente legal
Andar pelas ruas de NYC é realmente muito surpreendente. Não sei se impelido pela forte concorrência ou apenas pelo senso de humor, este mendigo criou uma marca (atenção na base do cartaz) para as mensagens irônicas que exibe diariamente pelas calçadas da Grande Maçã. Sem dúvidas, assim como o mendigo sincero que mostrei aqui outro dia, ele ganha mais que os tradicionais. Meu roommate deu um dólar antes de tirar a foto. Veja a cara de felicidade do figura...

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Meu Mac Novo



MacBook Pro 2.0 / 100G HD / 2G RAM /256 VRAM / Superdrive

Pra macmaníacos como eu, ficar sem um computador é quase como um viciado ficar sem droga. E servir windows é algo como oferecer pó-de-mico pro cara. Estive por exatos 30 dias sofrendo desse mal. Um mês inteiro sem ter um computador pra chamar de meu, tendo crises de abstinência esporádicas. Quando a coisa apertava, corria pra Apple Store (graças ao bom Deus que existe Apple Store nessa cidade), mas não é a mesma coisa. Os softwares não estão lá, você não lê email, lê webmail (odeio webmail), não tem fontes, arquivos, papel de parede... É uma máquina de vida fácil, fica sempre ali, aberta, sendo estuprada por todos sem ter o amor de ninguém. Tadinha.

Recorri ao Craiglist (já falei sobre ele aqui) pra ver se não tinha nenhum mac abandonado precisando de carinho e... TCHARAM! Não é que tinha? Fui buscar um G3 Blue que estava num canto, todo sujo e sem HD. Dei uma limpada nele, arrumei um monitor, ganhei um HD e... CADÊ A PLACA DE VÍDEO? O pobre computador havia sofrido amputação da placa de vídeo. Outra semana e achei um iMac 400 por 60 dólares. Rachei com a turma do apartamento (20 pra cada) e compramos. Cheguei em casa e o HD tinha ido pro espaço. E o antigo dono jura de pés juntos que foi na viagem. Troca o HD por aquele que estava no G3 e... Só temos os discos do System 9.

Bom, graças a Deus e a uma ajuda do meu pai, estou teclando de um MacBook Pro agora. Finalmente coloquei as mãos numa Ferrari.

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Lata-velha



Quando brasileiro chega por aqui fica babando nos carros que passam pela rua. Só carrão, parece que todo mundo é podre de rico. Depois de um tempo você começa a ver bartender de Mercedes, técnico de informática de Corolla, professora de Civic e começa a estranhar isso tudo. Uma assistente de atendimento da agência (eu disse ASSISTENTE) tem um Jaguar! Não é preconceito, mas assistente de Jaguar faz o carro desvalorizar horrores...

Mas basta assistir um pouco de TV (agora tenho TV!) pra descobrir o motivo. Os carros aqui são MUUUIto baratos. Um Ford Focus, por exemplo, um dos carros mais chulés que vi por aqui, sai por 36 vezes de 167 dólares. E não é basicão, não. Aqui nem existe isso. Ford Focus completo, com direção hidráulica, roda esportiva, ar-condicionado, teto solar, SYNC (um centro de entretenimento acionado por comando de voz) e o escambau, tudo por 167 dólares (aproximadamente R$300) por mês. O que você compra com esse dinheiro no Brasil, um Uno Mille 97?

Se você quiser gastar um pouquinho mais, tem Jeep por 27x US$312, caminhonetes (estilo X5, ela incluída) por 36x 275 a 36x 359, e por aí vai. Alguém quer comprar um Twingo 99?

Poliglota


Sempre fiquei impressionado pela quantidade de redatores brasileiros que se aventuram em trabalhar em inglês. De fato, sempre achei que para quem trabalha com a língua tão de perto deve ser extremamente difícil fazê-lo bem com uma postiça. Essa semana descobri que enquanto um redator precisa dominar uma segunda língua o diretor de arte precisa aprender pelo menos outras 3 pra trabalhar nos Estados Unidos. Você duvida?

Vamos começar com as medidas: você já tentou pensar em polegadas? Quando se está acostumado com o sistema métrico, esse sistema inglês é um verdadeiro inferno! O diretor de criação pergunta "que tamanho você imagina esse material, cinco e meia ou maior? Aí você engasga, procura a régua, tenta converter mas ele já está falando com outro alguém. Pensa rápido, cabeção!

Beleza, você definiu o tamanho em polegadas do material, fez uma arte bonitinha e o diretor de criação até elogiou. Daí vem a pergunta "em que papel você pensa em imprimir?" Você enche a boca e antes de soltar um "Couché 230g" lembra que eles não usam o sistema de gramatura e fica mudo. Depois agradece o colega simpático que lhe apresenta um bonito catálogo de papéis. Esse é o seu dicionário. Como diria a Lu, "estava pensando num papel assim... booooom... boniiiiiito!

"Ok, filho. Agora escreve as especificações técnicas da coisa, por favor. 3 PMS each side, OK?". Senta e chora. Faca não é faca, Pantone é o nome da marca, não da cor, os papéis têm tamanhos diferentes, a regrinha da proporção não funciona, você não sabe otimizar o aproveitamento de papel, os acabamentos são todos diferentes... Ou você tem um colega com muita boa vontade ou vai passar o dia tentando explicar pra gráfica o que você quer fazer.

E as notações de correção? O revisor aqui realmente usa aquele conjunto de sinais que indicam o que você deve fazer, mas o código é diferente. Cadê o dicionário?

Revisado, assinado, horas e horas depois você finalmente vai mandar pro bureau. Morreu, certo? Errado. Quando a bagaça chega no bureau, um indiano maluco liga pra você e pergunta com aquele sotaque lindo: Whazyou wanna do with 'tis artwork? Need I edit it? Só faltou pedir o arquivo do Coreldráu.

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Lunch


Depois de uma semana de trabalho em um ambiente fechado, descobri o motivo pelo qual os americanos chamam almoço de Lunch. Até então, eu achava que a proximidade entre o nosso lanche e o lunch deles estava apenas na pronúncia, mas não está. Americanos não almoçam, eles – de fato – têm o lanche (have lunch).

A jornada de trabalho clássica americana é 9am to 5pm. Esse é o horário comercial, direto, sem pausa. Aqui não existe "passar no banco" ou "dar uma volta" na hora do almoço. Aqui não tem hora do almoço. Nem almoço tem. Sabe quando você dá aquela carregadinha rápida no celular só pra não fcar sem bateria no caminho pra casa? Essa é a filosofia. A maioria das pessoas leva comida de casa para o escritório e geralmente é um sanduba sem-vergonha que não serve nem pra conosco*. Alguns pedem McDonalds, pizza ou salada. Todos engolem o mais rápido possível o voltam para suas mesas. Muito estranho. Estou com saudades do Desterro.

*Conosco é a alcunha dos lanches coletivos vespertinos da Uniqe. Apareça lá por volta das 5 da tarde e experimente comer conosco.

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Tylenol


Esta noite, mais do que nunca, tive saudades de casa. Saudades da minha esposa, da minha filha, da minha cama, dos cobertores quentinhos e cheirosos, dos cuidados que recebo quando fico doente. Passei a noite toda com febre sem ter remédios, tomei um banho às 3 da manhã pra baixar a dita e às 6 levantei – com uma dor de cabeça hercúlea – e vim trabalhar. Dia difícil.

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O negócio é ser original



Você ainda duvida que propaganda criativa venda mais que o velho discurso manjado de sempre?
(No cartaz: Pra que mentir? Eu preciso de uma cerveja!!)

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Correntes migratórias


Acabei de ler no CCSP o último artigo de Laura Esteves na seção Passaporte. Enquanto muita gente daí quer vir pra NYC, Laurinha está voltando pro Brasil. Pra quem não conhece, Laura Esteves foi redatora da DM9 em São Paulo e caiu nas graças da DDB NY quando, nas férias da agência brasileira, pediu pra "trabalhar enquanto estivesse na cidade". Os americanos não entenderam bem o pedido, mas amaram os roteiros da menina. Em terras americanas, fundou a seção Passaporte do Clube de Criação de São Paulo e foi a colunista mais presente e competente do espaço. Hoje ela usou o veículo que ajudou a criar para pedir emprego no Brasil com a mesma maestria que fez todos por aqui virarem fãs dela. E alguém tem coragem de negar, Laura?

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Primeiras Impressões



Preciso de idéias para uma ação promocional de verão para a Cerveja Corona
Os meteorologistas previram uma tempestade com 4 a 9 polegadas de neve para esta manhã. Como eu não tinha a menor idéia se isso era muito ou pouco, saí bem agasalhado. Em Manhattan, neve alguma. Metrô pra Penn Station, trem pra Great Neck. No caminho vi alguma neve mirradinha, principalmente sobre os carros. Quarenta e cinco minutos depois estava na tal cidadezinha cinematográfica e ela estava coberta de neve. Pena que não a vi caindo.

O primeiro dia de trabalho foi bastante tranquilo. Conhecendo clientes, convertendo arquivos de Quark para InDesign e errando muito no inglês. Logo antes do almoço pediram pra "ir pensando" numa ação promocional de verão para a cerveja Corona. Já estamos preparando as ações pra Julho, vejam só. De job mesmo só um catálogo da Canon que já vem com template pronto. Na quinta vem um cara me dar aulas de Dreamweaver e Flash.

Pra testificar o fim dos dias como cucaracha, peguei a tal assinatura pra validar meu visto, ganhei a chave da agência e andei no carro do chefe. Tá bom ou quer mais?

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Bad News


Notícias não muito boas a todos que prometi "pouso" em NYC: meu senhorio pediu que saíssemos no fim de janeiro, pois alugou o apartamento em regime anual pelo dobro do preço que pagamos. Estou homeless again. Assim que tiver novas (espero que boas) comunico a todos.

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January 14th



Adiós vida cucaracha!
Talvez este seja o dia mais esperado desta viagem. Não é nenhum número cabalístico, nenhuma data mística ou superstição, é apenas o dia que finalmente deixarei de ser cucaracha. Amanhã começo na Tipton & Maglione e deixo pra trás as bolhas nos pés e a tradicional estupidez que acomete os detentores do pequeno poder.

Meus dias trabalhando como Metrô-boy foram singulares. Cada um dos cinco aflorou sentimentos completamente diferentes, alguns bons, outros nem tanto. No primeiro dia me senti aliviado por ter um emprego e finalmente fazer algum (mesmo que pouco) dinheiro nas terras do Tio Sam. Foi um dia tranquilo, andando por Nova Iorque e cantarolando no metrô. No segundo dia me senti com 15 anos, sendo pago apenas para andar. Ninguém esperava que eu fosse genial ou pensasse em nada, só precisava caminhar. E caminhei pra caramba. O terceiro dia veio com algumas bolhas nos pés e acabei lembrando que tenho um pouco mais de 15. No quarto dia as bolhas estavam lá desde 8h da manhã e tornaram a tarefa de caminhar um tanto sacrificante. Neste dia também tive alguns problemas com a responsável pelo RH da Thunderball. Não sei quanto tempo faz que a moça não vê um cobertor de orelhas, mas me negou uma assinatura necessária para validação do meu visto alegando "falta de tempo", e o fez com uma rudeza sem par. No último dia descobri que a empresa paga toda sexta-feira, como havia me dito a tal senhora necessitada, mas na sexta subsequente à semana trabalhada, ou seja, grana só na sexta que vem. Ao perguntar quanto seria essa grana recebi uma resposta à altura das outras: "não estou autorizado a falar sobre isso." As bolhas estavam maiores e meu saco também. Quase mandei todos visitarem suas mães, que como 99% das genitoras nova-iorquinas, devem ser senhoras de vida fácil.

Graças ao bom Deus que isso acabou. Na segunda começo em um emprego de verdade. Todas as minhas conversas com Judy Tipton se deram com base no respeito mútuo e reconhecimento pelo talento de cada um. Amanhã finalmente serei um Foreign-born.

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Ok, my names is Leo...


Hoje foi meu primeiro dia de trabalho como boy-de-trem (ou courier, como queira). O trabalho é simples como se espera que seja: liga, pega o endereço, busca o pacote, liga, outro endereço, entrega o pacote, liga pra pegar outro endereço e assim sucessivamente. Cansativo, mas simples. A dificuldade ficou na pronúncia do meu nome. Apesar de todo o meu esforço de grafar foneticamente o Tuxo e já me apresentar com sotaque, descobri que é dificílimo para qualquer americanos falar "Tucsow", "Tushow" ou "Liandrow". Além disso, a cada vez que falo tenho que soletrar. Desisti. You can call me Leo (Lío, em inglês).

Não sei se isso é pegação no pé, mas não conheço um brasileiro que não consiga pronunciar Ivanivic, mesmo trocando o som de ch pelo de c no fim da tão charmosa graça. O mesmo se repete com Shun Li, William, Ken, Pierre, Gustav e etc. Acho que depois de tantas Francieles e Josinélsons a gente se acostumeou a torcer a língua pra falar e, mesmo que saia um arremedo do nome do dito cujo, ninguém precisa de uma adaptação tão drástica. Será que é implicância ou eles são mesmo meio tapadinhos?

Me surpreendi hoje quando um porteiro iniciou uma conversa e perguntou de que lugar do Brasil eu era. Falei que vinha do Rio Grande do Sul e ele – na mesma hora – perguntou: Do lado do Uruguai? Dias atrás um professor de design da Pratt – uma universidade conceituadíssima por aqui – apontou pra um mapa e, com o dedo sobre Colômbia, perguntou se o Brasil ficava "por ali". É mole?

Me sinto, porém, na obrigação de garantir ao meu querido amigo Leo (com som de É) que isso só se mantém enquanto eu estiver por aqui. Voltando pro Brasil faço questão de que todos me chamem de Leandro Tuxo novamente. Seremos mais uma vez a dupla de criação que de caipira só tem o nome.

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Cidadania Instantânea



Quando olhava para os mapas de NYC aí no Brasil pensava em segredo "quanta falta de criatividade colocar números para os nomes das ruas". Mordo a língua todo dia. Burrice é colocar nome de gente morta pra cada logradouro das nossas cidades. Nas avenidas principais vá lá, faça-se a homenagem aos heróis da nação, mas quem diabos foi Mário Lacombe? E o que fez Laurindo Januário da Silveira? Pior que isso só batizar a rua com nome de Santo. Coitados dos carteiros...

Credito a este maravilhoso projeto urbano – com números para as ruas e com quadras quadradas de verdade – a sensação de cidadania instantânea que se tem ao chegar em NYC. Andar pela cidade passa a ser um exercício de matemática básica: se estou na 54 e quero chegar na 42 tenho que andar... 12 quadras. Com exeção de Downtown (a parte velha da cidade) tudo funciona assim. Qualquer idiota com um mapa na mão e 15 minutos chega a qualquer ponto de Manhattan sem perguntar nada pra ninguém. Mas não mande o idiota pro Brooklyn...

O Brooklyn, colonizado por holandeses e anexado a Nova Iorque só no século XIX, segue a mesma (falta de) lógica das nossas cidades tupiniquins. Você se sente um completo ET assim que desce do trem. Onde é o... ahn... Como pego o trem de volta pra Manhattan?

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Estou com medo de associar essa logomorca a banheiro e não conseguir mais tomar o café deles
Essa tal de Nova Iorque é mesmo uma cidade esquisita. Nunca vi um lugar em que não existem banheiros nas lojas, restaurantes, lanchonetes, cafés, supermercados, etc. Uma coisa tão simples obrigatória pra qualquer birosca no Brasil, aqui é luxo. O pensamento dominante é "vá cagar em casa, pô!". Quem me conhece um pouco sabe que não está sendo fácil enfrentar esse "entrave cultural". Depois de muito garimpar, encontrei algumas boas almas caridosas que pensam na limpeza da cueca do próximo: a Apple Store da 5th Avenue (sempre ela), as lojas do Starbucks e da Barnes & Nobles – uma loja de computadores, uma rede de cafeterias e uma rede de livrarias, respectivamente. Santas criaturas que entendem as necessidades fisiológicas alheias.

Não me dei o trabalho de contabilizar, mas certamente tem menos de 1 banheiro "público" para cada 1000 habitantes dessa cidade, o que acarreta filas imensas e longos minutos de espera depois de achar uma dessas santas-casinhas. Qualquer dia desses eu passo vergonha.

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Existem painéis como este (alguns bem maiores) espalhados por toda a cidade
Agora que a pressão por conseguir um emprego não existe mais, vai me sobrar tempo para escrever sobre assuntos variados. Tenho uma porção deles na gaveta e devo deixá-los sair na velocidade que as minhas pernas aguentarem (escrevo de pé, na Apple Store da 5th Avenue, lembra?).

Atendendo a pedidos, o primeiro assunto a ser abordado será a publicidade na Grande Maçã, primeiro tópico: mídia. Devo advertir aos leitores que estou apenas consumindo propaganda até o presente momento e, portanto, é sobre esta ótica que surgirão as críticas e observações. Mais tarde, quando estiver produzindo, falo sobre o how to americano. Outro detalhe a ser levado em conta é a falta de televisão. Como não tenho uma, a percepção fica um pouco alterada.

Na questão veículos de comunicação, a grande vedete é a mídia expositiva. Muita gente na rua, no metrô, nas estações, nos parques e ninguém em casa vendo TV. Rádio aqui não é um grande veículo, apesar das características tradicionais do meio (alta segmentação, baixo custo por mil, baixo custo de produção, etc) também valerem por estas bandas. O pior inimigo do rádio é o iPod. Depois que a Apple colocou esse aparelhinho na prateleira, ninguém mais ouve rádio. Até porque não pega no metrô – nem celular pega no metrô – e todo mundo anda de metrô. Pra compensar esses problemas, o pessoal acha que a solução é massificar de verdade. A rádio que eu ouço tem praticamente 6 spots rodando dia e noite. Só 6 spots, mais nenhum. Cada um deles com um minuto e meio. Já deu pra sentir quão gostoso é ouvir rádio em NYC, né?

Das mídias que tenho observado, uma das melhores opções é o transporte público (metrô e ônibus). Como já falei, todo mundo anda de metrô, do executivo ao mendigo, da criança à senhora, do CEO ao office -boy. Você tem opção de veicular sua propaganda dentro do trem ou nas estações. No trem você impacta menos pessoas por mais tempo, enquanto nas estações você impacta mais gente por menos tempo. No trem você pode ter um texto elaborado, nas estações não. No trem você não consegue filtrar quase nada do público. As linhas são longas e passam por bairros pobres, ricos, comerciais e residenciais indiscriminadamente. Se optar pelas estações, pode escolher a região que quer veicular. Quanto ao ônibus, o painel lateral faz as vezes de um busdoor. Exibir a propaganda na lateral em detrimento da parte traseira se justifica porque quase ninguém anda de carro, quem anda geralmente tem motorista e não vê a bunda do ônibus.

Mas nada disso tem a força de uma ação promocional bem pensada e bem produzida. As pessoas estão vacinadas contra o papai-e-mamãe e só tem duas maneiras de ganhar atenção: inovando na forma ou sendo muito inteligente no conteúdo. Pequenos detalhes podem fazer toda a diferença a seu favor. O Starbucks que o diga.

Agora, se você é um grande anunciante e não tem problema com verba, faça como a Apple. Contrate uma agência duca e cubra a cidade com painéis, empenas, front-lights, tapumes e todo o tipo de mídia expositiva, sempre com um conceito extremamente forte. Tenha também uma loja-conceito na 5th Avenue e deixe as pessoas à vontade para acessar a internet de graça e ir ao banheiro. Você vai ganhar o coração das massas.

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Second Job


Parece que a má fase foi embora junto com 2007. Dois dias depois de arrumar um emprego já encontrei outro e as ofertas começaram a pipocar. Vou começar na Tipton&Maglione na segunda-feira dia 14, e para cobrir a semana que tinha de ociosidade descolei um emprego de courier. Courier é entregador de pacotes, uma espécie de motoboy de metrô. O bom é que vou receber por entrega e posso trabalhar das 7h30 am às 7h30 pm, conhecendo a cidade de uma maneira diferente. O ruim é que o frio tá pegando. Comprei ceroulas novas hoje pela manhã.

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Frio pra Caramba!




Incêndio na 122th Street

Hoje voltou a fazer frio de verdade em NYC. A gente sabe que a temperatura está abaixo de zero quando vê um pequena poça d'água congelada na calçada, mas descobre que está frio mesmo quando a água suja da sarjeta vira gelo com todo o lixo e porcaria dentro. Hoje eu vi até cuspe congelado no chão.

Apesar de todo esse frio (ou justamente por causa dele) vi um incêndio perto de casa esta tarde. Tinha cerca de 20 caminhões dos bombeiros, 2 viaturas policiais, uma ambulância e um helicóptero nos arredores do prédio que já não ardia em chamas quando cheguei. O que vi foi fumaça preta pra todo lado. Acho que no pavor de morrerem congeladas as pessoas cometem loucuras como ligar o forno e deixar a tampa aberta pra se aquecer (fiz isso na primeira noite, quando o aquecedor do apartamento não estava funcionando). Enfim, em NYC isso é uma cena urbana corriqueira e ninguém quebra o pescço pra ver. Triste.

Voltando ao frio, a mínima hoje foi -11ºC. Estou com saudades das minhas ceroulas que foram roubadas no hostel. Acho que amanhã vou comprar outra Thermo Pants.


Sarjeta congelada na 125th com a Lenox Avenue (Malcolm X Boulevard)


Bordas congeladas de um chafariz vizinho a Apple Store 5th Avenue

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I have a job!



Um pequeno detalhe da charmosa Great Neck
Ontem decidi que só ia postar novamente com a notícia de que tinha conseguido um emprego. Aqui estou, com a ajuda de Deus, postando novamente. Fui hoje a uma entrevista em Great Neck, Long Island, uma cidadezinha daquelas de filme. Na verdade, ela parece com a cidade do filme Quero ser grande, sucesso da década de 80 que rendeu ao jovem Tom Hanks a primeira indicação ao Oscar. Tudo arrumadinho, tudo ajeitadinho, gramado, plaquinha, etc. A parte ruim é ter que viajar de trem 45 minutos pra ir e mais 45 pra voltar, mas tá valendo. E MUITO.

A agência que me contratou é a Tipton & Maglione, uma pequena agência de promo e design com clientes bem legais. A sede deles ficava em Manhattan, mas mudaram pra Great Neck há três anos. Entre os clientes estão a cerveja mexicana Corona (a conta mais recente da agência), Canon (algumas divisões), a vinícola Concha y Toro, Cointreau (o licor), algumas marcas de whisky, vinho, champagne... enfim, o tipo de conta que é quase proibida no Brasil. Vai ser uma aventura criativa.

Como vocês podem imaginar, estou bastante entusiasmado com a notícia. Amanhã devo receber uma ligação pra acertar os detalhes. Provavelmente começo na segunda.

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Leandro Tuxo é cristão, gaúcho publicitário, diretor de arte da Propague (SC), marido fiel e pai dedicado. (Não necessariamente nessa ordem).

Foi advertido diversas vezes sobre o alto custo de vida em New York City, mas não deu ouvidos aos pessimistas.

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