Esse é o diário de bordo da minha aventura na metrópole do mundo.


Poliglota


Sempre fiquei impressionado pela quantidade de redatores brasileiros que se aventuram em trabalhar em inglês. De fato, sempre achei que para quem trabalha com a língua tão de perto deve ser extremamente difícil fazê-lo bem com uma postiça. Essa semana descobri que enquanto um redator precisa dominar uma segunda língua o diretor de arte precisa aprender pelo menos outras 3 pra trabalhar nos Estados Unidos. Você duvida?

Vamos começar com as medidas: você já tentou pensar em polegadas? Quando se está acostumado com o sistema métrico, esse sistema inglês é um verdadeiro inferno! O diretor de criação pergunta "que tamanho você imagina esse material, cinco e meia ou maior? Aí você engasga, procura a régua, tenta converter mas ele já está falando com outro alguém. Pensa rápido, cabeção!

Beleza, você definiu o tamanho em polegadas do material, fez uma arte bonitinha e o diretor de criação até elogiou. Daí vem a pergunta "em que papel você pensa em imprimir?" Você enche a boca e antes de soltar um "Couché 230g" lembra que eles não usam o sistema de gramatura e fica mudo. Depois agradece o colega simpático que lhe apresenta um bonito catálogo de papéis. Esse é o seu dicionário. Como diria a Lu, "estava pensando num papel assim... booooom... boniiiiiito!

"Ok, filho. Agora escreve as especificações técnicas da coisa, por favor. 3 PMS each side, OK?". Senta e chora. Faca não é faca, Pantone é o nome da marca, não da cor, os papéis têm tamanhos diferentes, a regrinha da proporção não funciona, você não sabe otimizar o aproveitamento de papel, os acabamentos são todos diferentes... Ou você tem um colega com muita boa vontade ou vai passar o dia tentando explicar pra gráfica o que você quer fazer.

E as notações de correção? O revisor aqui realmente usa aquele conjunto de sinais que indicam o que você deve fazer, mas o código é diferente. Cadê o dicionário?

Revisado, assinado, horas e horas depois você finalmente vai mandar pro bureau. Morreu, certo? Errado. Quando a bagaça chega no bureau, um indiano maluco liga pra você e pergunta com aquele sotaque lindo: Whazyou wanna do with 'tis artwork? Need I edit it? Só faltou pedir o arquivo do Coreldráu.

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Primeiras Impressões



Preciso de idéias para uma ação promocional de verão para a Cerveja Corona
Os meteorologistas previram uma tempestade com 4 a 9 polegadas de neve para esta manhã. Como eu não tinha a menor idéia se isso era muito ou pouco, saí bem agasalhado. Em Manhattan, neve alguma. Metrô pra Penn Station, trem pra Great Neck. No caminho vi alguma neve mirradinha, principalmente sobre os carros. Quarenta e cinco minutos depois estava na tal cidadezinha cinematográfica e ela estava coberta de neve. Pena que não a vi caindo.

O primeiro dia de trabalho foi bastante tranquilo. Conhecendo clientes, convertendo arquivos de Quark para InDesign e errando muito no inglês. Logo antes do almoço pediram pra "ir pensando" numa ação promocional de verão para a cerveja Corona. Já estamos preparando as ações pra Julho, vejam só. De job mesmo só um catálogo da Canon que já vem com template pronto. Na quinta vem um cara me dar aulas de Dreamweaver e Flash.

Pra testificar o fim dos dias como cucaracha, peguei a tal assinatura pra validar meu visto, ganhei a chave da agência e andei no carro do chefe. Tá bom ou quer mais?

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Leandro Tuxo é cristão, gaúcho publicitário, diretor de arte da Propague (SC), marido fiel e pai dedicado. (Não necessariamente nessa ordem).

Foi advertido diversas vezes sobre o alto custo de vida em New York City, mas não deu ouvidos aos pessimistas.

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