Já falei aqui em outro post sobre satisfação que dá ter leitores. Escrever com a certeza de que alguém está lendo aí do outro lado faz todo o trabalho valer a pena. Semana passada esta satisfação alcançou um outro nível: alguns leitores me procuraram pedindo dicas sobre "morar em NYC", afirmando que minhas humildes linhas lhes inspiraram a tentar a sorte na cidade que nunca dorme. O que posso dizer? Vocês, leitores, fizeram um blogueiro principiante mais feliz. Estarei por aqui, sempre pronto a dividir minhas experiências com quem precisar delas.
Depression - Nicole Glover
Todos que passam uma curta temporada fora do Brasil (e gostam da experiência) afirmam sofrer de depressão nos meses que sucedem a volta. Todos que eu conheço, pelo menos. Eu inclusive.Antes de viajar, achava que isso era uma frescura consumista, que era a maior pagação de pau para os estrangeiros já que – regularmente – quem falava isso tinha trabalhado de garçom ou lavador de prato pros gringos e achou maravilhoso, mas se fosse aqui estaria reclamando (e muito). Hoje vejo que boa parte da saudade não vêm dos salários ou do poder de compra e que não é o Brasil – mesmo com todos os problemas – o responsável pela depressão. O maior vilão nesse caso é a ilusão.
Quando chega o momento de voltar para o casa, geralmente a passagem está comprada há tanto tempo que você nem lembra quanto ela custou. Quando você embarca para o Brasil, tem a ilusão de que pegar um avião é fácil: basta chegar no aeroporto 2 horas antes. Você volta pra casa com a certeza de que dentro de alguns meses vai poder voltar e visitar aquela vida que construiu e passou a gostar, que em breve vai sentir o cheiro do Sish Kebab e que não demora vai poder passear na 42nd. Doce ilusão.
A medida que você encara a rotina da realidade que deixou "pausada" no Brasil e olha no olho dos velhos problemas, as fichas começam a cair e você percebe que aquilo que estava ali, a duas quadras de você, agora é inalcansável outra vez.